Às perguntas me confesso

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O que perguntam as perguntas? E o que respondem as respostas?

“Há uma série de coisas na vida quotidiana que se resumem à interrogação. É uma das formas mais puras de alegria que consigo imaginar. (…) Esta capacidade de nos interrogarmos é uma das forças poderosas que temos desde o nascimento” (Erling Kagge). Nesta arte de caminhar, um passo de cada vez, que papel assume a escolha das perguntas, da interrogação, na vida de cada um? Que perguntas nos fazemos? De que perguntas fugimos, sabendo que não é delas que desviamos o olhar, mas do caminho que elas nos convidam a trilhar? O que respondemos à pergunta: o que deixei de perguntar? O mesmo será questionar como posso eu evocar a tomada de consciência?

Considerando a experiência de cada um, podemos começar por avaliar o que nos é mais útil e, com isso, aceitarmos que uma resposta começa a desenhar-se. Mas se é a tomada de consciência que quer alcançar-se, devemos perguntar também sobre os nossos valores, as nossas necessidades e os nossos desejos, áreas com as quais não nos relacionamos com regularidade. Neste reencontro com os nossos valores, necessidades e desejos, podemos começar a ver nascer um caminho de futuro que nos cativa. “Será esse o caminho para onde quero ir?”, podemos questionar-nos.

É aqui que entram as perguntas que desafiam o nosso pensamento atual, aquele que contruímos ao longo dos anos e a que nos fomos acomodando. Talvez seja chegado o momento de revermos que respostas queremos dar e o que essas (novas ou velhas) respostas nos estão a querer dizer. Essas respostas transportam a mensagem do que estamos dispostos ou disponíveis para fazer.

Sabemos que as perguntas iluminam o caminho mas também sabemos que o caminho pode ser complexo sendo, portanto, fundamental escolhermos com o máximo cuidado quem é o nosso “perguntador” para nos certificarmos de que estarão sempre instaladas as proteções necessárias para que o caminho possa fazer-se. Primeiro, esboçado como sonhado. Depois, trilhado em segurança, de forma autónoma e plena.

A boa notícia é-nos trazida por Pablo d’Ors: “Enquanto o homem tiver perguntas a fazer a si mesmo, continuará a ter salvação”.

João Laborinho Lúcio
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