Estamos em tempos de largar, deixar cair o que nos pesa, o que nos atrasa e o que não nos faz falta para poder avançar em direção a nós. Cada um de nós. Por esta altura deves parar e perguntar: o que quero para mim?  Então o que me trava? 

Todos temos mecanismos de proteção que foram úteis e adaptados a circunstâncias específicas. A questão é se a constante repetição desses mecanismos estão neste momento a ser eficazes, pois para nos defenderem de um desconforto criam outro maior. Ou seja, duplo desconforto. Toneladas emocionais que se carregam às costas e pelo corpo inteiro, para a nossa vida, para as nossas relações, para a forma como vivemos, acreditando que é o melhor e o que nos mantém seguros.

Acompanhar uma mudança reativa ou proativamente exige-nos uma seleção natural de estar e sobreviver, tornando-se imperativa uma preparação que reúne os recursos adequados. Parte desses recursos é a capacidade de libertar. Fechar ciclos.

Vivemos num mar de emoções, que ficam cativas no nosso corpo, quando a sua maioria deve ser drenada e terminar o seu processo. Num sistema ecológico interno, o apaziguamento pode advir da visualização imagética em direcionar a absorção para a terra. Essa mãe, que contém, que transmuta, que nutre com fertilidade as nossas raízes. Raízes que merecem todo o nosso respeito e gratidão, pelo que somos, pelas origens, e ainda assim, permitem ser criadas novas a partir dessas. Raízes que não prendem, mas que têm força e profundidade suficientes para impulsionar um estado elevado de crescer ou diria mesmo: de Ser. 

Nesta dinâmica e ligação únicas entre os elementos da nossa natureza interna e externa, um ciclo de renascer constante é-nos desafiado pelas leis da vida. Um ciclo de aprendizagem em que para enraizar eficazmente e florescer, torna-se crucial um alinhamento de todos os canais, elementos e sistemas onde nos encontramos.

Descarregar para enraizar, passa por reestabelecer a homeostase do nosso sistema. O processo de equilíbrio, onde escolhemos a forma como nos faz sentido encerrar os ciclos e os canais que nos obstruem e entopem o pensamento, a emoção, o corpo e o comportamento.
Os ciclos têm naturalmente um princípio, meio e fim.
No ciclo do stress, uma vez presos no meio, é necessário ajudar o corpo a completar o ciclo e efetuar a descarga, transformando as memórias de maneira a retirar a carga emocional e assim libertar. A abordagem através do corpo torna-se um desafio, sendo que, em situações emocionais intensas o cérebro racional fica ‘offline’. Desta forma, agimos no sentido ‘bottom-up’, trazendo à consciência a comunicação do corpo. As mais profundas raízes ancestrais estão gravadas nesse campo reptiliano, onde o instinto de agir e de auto-preservação se sobrepõe à cognição.

Pensamentos são a linguagem do cérebro, emoções são a linguagem do corpo; a forma como pensamos e sentimos, cria o nosso estado de ser”. (Joe Dispenza).

Um estado muitas vezes perdido na dissonância.
Peter Levine defende que, à medida que o nosso neocórtex se desenvolve, perdemos a conexão com os nossos instintos. Quase como se, pensar promovesse o adiamento das sensações.
Pensar que atingimos a felicidade apenas quando alcançamos objetivos, traz a boa sensação fisiológica da dopamina, mas não nos permite viver o presente com o que temos.

Acabamos por perceber mais tarde que é possível ser feliz, sem depender da escassez ou da abundância, desde que não nos coloquemos numa situação de inferioridade perante a vida. Ter a capacidade de desfrutar, destralhar, desdramatizar e todos os “des” que aqui façam sentido, é abrir os braços à paz e serenidade que acompanham a mudança. Esse terreno imprescindível para uma vida fértil. 

Sentindo que nem sempre é na mesma direção. Pode haver, um ou dois, únicos ou diversos caminhos e formas de cultivar … dependendo do que queremos colher. Pois é importante sabermos que há solos que já não nos alimentam as raízes, sendo nesses mesmos que nos sentimos sós. 

Respeitar e honrar as nossas raízes passa também por ir de encontro ao que nos alimenta de forma natural. Permanecer em situações, relações que vão contra a nossa natureza, contamina o equilíbrio e um crescimento de forma sustentada, tornando-se tóxico e corrosivo.
Enraizemo-nos no presente, no que somos, no que queremos, no que nos alimenta. São essas as forças que nos sustentam e conectam.

Aceitar as mudanças nas estações da nossa vida, permitindo o cair das folhas, o ciclo da renovação, direciona-nos para um caminho de profundo crescimento, com rumo à sabedoria “em cuja tranquilidade e silêncio, encontramos o imensurável” (Jiddu Krishnamurti).

 

Alexandra Cordeiro

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