Morar onde existe a maior fonte de água de amor.
Há dias numa sessão de psicoterapia, falávamos de mar.
A água é um dos quatro elementos da natureza mais presentes na nossa vida, também ligado ao chacra das emoções, localizado no baixo ventre. Um mundo aquoso de sensações, sentimentos, que se dilui num movimento que desperta o corpo. Que traz vitalidade ao sentir. Tendo por base o princípio da auto satisfação relacionado com a identidade emocional.
Uma dimensão de criação, afeto e emoções, onde também em mundo aquoso e amniótico todos nos desenvolvemos. Onde ganhamos existência.
O mar é a maior fonte de água do mundo.
De uma forma cíclica, retorna ao sistema, através da evaporação, chuva, infiltração no solo, transpiração das plantas, dos nossos corpos, por aí em diante, num circuito de transmutação. Encontra sempre o seu caminho.
O mar ocupa a maior superfície do planeta. Tem os vales mais profundos, onde existe a maior fonte de alimento, com os seus sais, minerais, nutrientes, onde o sal tem também uma importância significativa para a nossa subsistência.
Somos constituídos por 70% de água. Todos sabemos que, sem o mar, não teríamos possibilidade de vida física.
Definida a importância do mar, enquanto conceito físico, significado fisiológico e representação da vida do nosso planeta, de um valor imensurável, passemos à intangibilidade no campo emocional, daquilo que não conseguimos (a)palpar. Este “a”, artigo feminino, singular, sintético, colocado antecipadamente no (a)mar, representa o mar não físico, ou extra físico, e toda a nossa dimensão de intelecto, sensitivo, que nutre o nosso ser, a nossa essência.
Refletindo assim sobre o amar, como se torna o teu conceito?
É possível identificar não fisicamente, aquilo que fisicamente foi definido, mesmo que intangível?
Imagina que tens um palácio e esse palácio tem imensas salas e, de todas elas, a mor, é a maior, sendo a que se pode chamar de sala Mor. Pois quando alguma coisa é maior, é Mor. Definimos antecipadamente com o mesmo artigo feminino, singular “a”, o mesmo conceito: a Mor. Amor.
No campo dos sentimentos, como se fossem representados por salas, este é Mor: maior do que os demais.
Quando digo que amo alguém, não sou eu que dou à pessoa, mas é ela que me dá a mim. Ou seja, eu identifico, sinto, verbalizo que esta pessoa é uma fonte de água doce no meu mundo. Dá-me alimento, os sais, a água, aquilo que me nutre e faz crescer de forma saudável.
Na dimensão emocional, o propósito da vida é chegar àquela sala mor, onde sentimos esta frequência mais elevada harmonizar o nosso ser.
O amor é sabermos o que é maior.
Incondicionalmente, o amar é maior e vai além da dimensão física. Da não presença, nem permanência.
Walt Whitman escreveu “eu sou grande, eu contenho multidões”. Albergamos mundos infinitos dentro de nós. Somos constituídos por elementos Mor de água, fogo, terra e ar. Emoções, energia, raízes, espiritualidade, muitas vezes trancadas nas salas da casa, do corpo em que habitamos.
Apegamo-nos a coisas às quais atribuímos significado, rotulando o material com o emocional, quando na realidade o que é preciso é saber dar, saber receber de forma equilibrada. Saber o que é maior, o que é amor, o que é o mar para mim, o que é amar e como. Sim, porque tal como precisamos aprender a nadar naquela imensidão de água, é essencial aprender a nadar e respeitar as emoções. As minhas, as dos outros.
Não sobrevivemos sem água e morremos lentamente por falta de amor numa base de reciprocidade. E amor próprio.
Sabemos que temos a capacidade de amar incondicionalmente, quando deixamos ir aqueles que amamos, para aprenderem a nadar no seu oceano de vida. Deixar ir é a maior prova de amor e a mais difícil que se dá: desapego sem desamor. Esta é simultaneamente a maior fragilidade e a maior das forças da natureza humana.
A maior fonte de água e amor, mora e existe dentro de nós.
Expande-se e multiplica-se quando a reconhecemos e partilhamos, numa forma de estar, de viver, de ser.
Quando “amoramos”.
Alexandra Cordeiro
nowuknow – your journey of u
