Identificar e prevenir surgem com as bases para gerar e evoluir. Assim estejamos todos disponíveis para escutar. Para escutar-nos. Para escutar os outros. Para escutar o que nos rodeia. Foi nestes termos que terminou o artigo da passada semana sobre o segundo de quatro passos que aqui entrego e a que me tenho vinculado quer no olhar para e por mim, quer na forma como abordo a relação de contributo para o desenvolvimento daqueles que ousam ir mais além.
Um caminho que talvez comece pela escuta: capacidade de nos focarmos inteiramente no que o outro está a dizer e não está a dizer, de compreender o significado do que está a ser dito no contexto do outro, e de dar suporte para que o outro se expresse livremente. Acredito que só criando espaços seguros de partilha livre se pode oferecer a escuta que as organizações precisam para ativar e desenvolver o seu propósito, o seu propósito consigo mesmas, com os seus colaboradores e com o mercado. O propósito coletivo enquanto causa agregadora das pessoas com a organização e desta com o mercado.
Urge, portanto, que as organizações criem e clarifiquem objetivos com significado e saibam dotar as pessoas e as equipas de ferramentas e processos próprios, construindo, assim, o caminho para um sistema de sucesso. Um passo que John Whitmore (Performance Consultants International) descreve de uma forma tão singela e clara e que passa pela adoção de novos paradigmas de liderança, tão necessários aos dias de hoje: “Naquilo que parece ser um contexto global de “fazer mais com menos”, é um grande alívio aprender a envolver todo o potencial e a sabedoria dos colaboradores através de relações de parceria e colaboração, em vez de a liderança se sentir constantemente pressionada a dar todas as respostas e a pilotar o navio sozinha”.
O contacto com o tecido empresarial tem oferecido a possibilidade de perceber que o coletivo que reconhece a singularidade é mais forte, mais eficaz e mais saudável, da mesma forma que a singularidade alinhada com o coletivo é mais produtiva e gera melhores resultados. Ora, esta vinculação entre o individual e o coletivo pode bem começar na criação de canais (de tempo e de espaço) de comunicação entre as pessoas da mesma organização (talvez até possa falar de famílias e comunidades). Canais esses que ofereçam a possibilidade aos interlocutores de identificarem e ativarem o seu potencial, gerando, assim, as condições para a partilha da sua sabedoria em benefício de um coletivo que acolhe e dinamiza a singularidade que, por sua vez, se alinha com a causa maior.
“Um dia no futuro, talvez venha a existir uma profissão conhecida como o “ouvinte”. Por um preço, o ouvinte oferece um ouvido ao outro. As pessoas irão a um ouvinte porque quase já não há quem os oiça” (Byung-Chul Han – Filósofo e Ensaísta). E se este ouvinte estiver nas organizações? E se for um elemento da equipa? E se as organizações criarem as condições para que cada um possa ser ouvido / ouvinte? Um ouvinte que saiba, em primeiro lugar, escutar-se (“o autoconhecimento é a primeira etapa para resolver os problemas de organização e de liderança e para trabalhar em confiança” – Will Schutz ) para que também possa escutar o outro.
Mais que comandar, liderar é conhecer, antecipar, colaborar e integrar. Mais que controlar, um líder inspira e multiplica o conhecimento, gerando novos líderes.
Talvez neste caminho de identificação, prevenção e geração possam estar as bases da superação.
João Laborinho Lúcio
nowuknow – your journey of u