O descanso da consciência

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É saber que conseguimos encontrar a serenidade no meio da inquietação.
É olhar o todo do que se é, acolher o melhor, o pior e alinhar, criando o poder de transformar.
É sentir que toda a jornada de descoberta de quem sou, traz o conforto do sentido de ser como se é.
Dificilmente nos curamos onde adoecemos. E por isso é urgente abrir portas à criação de um espaço para a cura e bem-estar.
Nem sempre é fácil percorrer este caminho e encontrar este lugar dentro de nós.
Sabemos que a mudança tem os seus desafios e vem acompanhada de muitas questões. Mas são estas que abrem a possibilidade de explorar, aceitar e compreender, para mudar. É este o caminho que possibilita o encontro com a liberdade de ser.
Vivemos tempos de mudança, e a mudança exige-nos adaptação, novas formas de estar, de fazer acontecer, que muitas vezes colidem com o que estávamos habituados. O hábito traz consigo a identificação, o sentido que nos promove a identidade. Adaptarmo-nos a novos hábitos ou rotinas requer persistência e consistência. Assim como querer e ter coragem. A fertilidade do pensamento e a força do coração, em uníssono, potenciam uma ação coerente. Uma estrutura que promove a gestão do que muda e nos impacta. Resistir não nos torna mais felizes. O que realmente desconforta não é tanto a mudança, mas a resistência à mudança. E quantas vezes caímos no ilusório conforto do hábito, daquilo que conhecemos, por medo de acolher o que nos desafia? O que verdadeiramente nos pode transformar.
No seu livro “O Sentido da Liberdade”, Jiddu Krishnamurti incita-nos a uma profunda experiência e viagem interior, referindo que “o autoconhecimento é o começo da sabedoria, portanto, o começo da transformação da regeneração. Temos a intenção de alcançarmos essa compreensão? Temos que questionar a vida, o total processo da existência, o verdadeiro significado da vida. Falamos da vida (…), para que se olhe para ela e lhe dê atenção. Isso significa que não pode desperdiçá-la (…), não perca esse tempo. Olhe a sua vida, dê tudo para a compreender” .
À medida que vamos narrando todo um passado, o presente que emerge ganha uma nova visão, um novo significado.
Ao olhar com uma outra lente para as feridas emocionais, reações despropositadas incompreendidas, mal-estar, encontramos um sentido antes oculto e ganhamos em nós a possibilidade de gerir o que se tornou ‘palpável’. Pois nada que não seja visto e sentido como real, pode ser alterado.
E este poder de observação, de estar e refletir conscientemente, ativa um estado mais elevado de consciência. “Quando me aceito como sou, posso então mudar” (Carl Rogers)
Muitos de nós vivem os dias de forma frenética a sentir que têm de dar resposta a tudo, em todos os papéis desempenhados, nos mais variados contextos, muitas vezes chegando a estados de exaustão e cansaço extremo porque ‘tem de ser’ ou ‘não posso parar’, sem querer compreender e sem a consciência do padrão que se encontra por trás, que necessidades estão a precisar serem satisfeitas. Aceitando que efetivamente são comportamentos prejudiciais, e que existem formas mais adequadas de comportamento e resposta aos mesmos papéis e contextos, é possível ajustar e encontrar o equilíbrio entre o que pensamos, o que sentimos e a forma como agimos.
É neste encontro de pilares estruturantes que nasce o autoconhecimento, a confiança, o autocontrolo, o sentir e acreditar que é possível decidir o que queremos manter, o que precisamos adaptar, o que já não queremos e qual o estado desejado.
É uma viagem de descoberta e transformação, mas não há forma de a conhecer sem a experimentar.
Tal como nas viagens, é saudável parar, integrar e recuperar. Ajustar o que se pensava ser ao que é na realidade. A realidade como a vemos, como a sentimos. E unir. É nesta união que mais nos aproximamos do nosso todo, com unicidade, enquanto pessoa completa. Quanto mais assim é, mais descansados vivemos com a nossa consciência. Connosco, com os outros, com a vida.
Estas são as asas que se ganham no processo psicoterapêutico, no caminho de resgate e conhecimento de quem se é. Com serenidade. E que se prolonga de forma duradoura no nosso interior, sem as fronteiras do espaço e do tempo.
É uma viagem de ida, que nos traz de volta a nós.
“A consciência é a unidade consigo próprio. Quando sou consciente, volto a minha casa; quando perco a consciência, afasto-me, sabe-se lá para onde”. (Pablo d’Ors)

Alexandra Cordeiro
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