Ser, uma palavra que contém em si uma dimensão colossal. Tão infinita que, quando nos perguntam o que és, ou quem és, na maioria das vezes nem sabemos por onde começar a responder. Talvez porque também não conhecemos o que nos constitui, de que somos feitos, o que compõe a nossa essência.
Definir a nossa essência passa por sermos conhecedores de nós. A tal identidade, a que nos orienta o caminho, tantas vezes desviado daqueles que são os nossos valores.
Faz parte do meu ser, trabalhar como Psicóloga. Poderia dizer, ser psicóloga, pois também isso faz parte de mim, do que faço, do que traz o sentido de propósito, de encontro ao que me identifico. Ao que sou.
Indo além do que faço, e por ser humana, existem condições dessa parte de ser que se sobrepõem às competências da profissão. Como Carl Jung refere, “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
Ser psicóloga, é ser pessoa, é também experienciar dificuldades, ter problemas e naturalmente pedir ajuda. Assim como os médicos adoecem e precisam de outros médicos, também o psicólogo faz psicoterapia. É um excelente meio de autoconhecimento, aprendizagem, evolução.
Ser psicóloga é aprender com cada pessoa que se acompanha. Realmente estar de corpo, mente e coração, refletindo em cada caso, muito além do momento da consulta.
Não é ‘só conversar’. A psicologia é uma ciência e, por isso, possui método, técnica e comprovação científica.
Ser psicóloga requer fazer supervisão ou intervisão de casos, desenvolvendo perspetivas e habilidades por forma a dar a melhor intervenção possível e adaptada. Para tal, estudamos continuamente, investimos na nossa formação profissional, explorando o que se adequa a cada situação e faz sentido para cada pessoa.
E mais importante do que a abordagem de cada psicólogo, é a relação terapêutica estabelecida entre ambas as partes. O compromisso, o espaço de segurança e confiança que o processo psicoterapêutico oferece.
Refiro várias vezes que começa por ser uma escolha. Quando assim é, acredito profundamente no sucesso da mudança e melhoria contínua de quem dá esse passo em direção a si.
Partilho com orgulho a prática de recorrer à psicoterapia, sentindo como um processo de manutenção de bem-estar. Tal como fazemos a nossa higiene física, é crucial cuidar do corpo emocional, mental, espiritual, em todas as dimensões do nosso ser.
Sentir-me bem, permite-me estar presente, entregar com qualidade e total disponibilidade.
Fomentar uma forma de estar saudável, de autocuidado, cria a reciprocidade e a conexão com os que nos rodeiam, alcançando um estado elevado de consciência e sensibilidade.
As pessoas com quem trabalho, as que me rodeiam, constituem um desafio constante à melhoria contínua, sendo este um dos melhores presentes desta atividade profissional. Os que trazem um pouco de si, e levam um pouco de nós. Levam, pois o intuito é promover a capacidade de autorregulação, independência, ganhando ferramentas próprias para um futuro cheio de presentes.
A possibilidade de conjugar o conhecimento técnico, a experiência, a singular forma de trabalhar, as aprendizagens de vida, torna útil e valoriza-nos enquanto profissionais e pessoas. Partilhar o que sou, na conjugação das diversas dimensões, cumpre o propósito de melhor Ser. Num processo terapêutico, em parceria, melhor sermos.
Ir além das palavras, das expressões, dos silêncios, do que se vê. Do que me ensinam sem se aperceberem.
O que adoro nesta, que é muito além de uma profissão, é a possibilidade de explorar universos infinitos.
“Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite a verdade eterna. Experimente”. B.F. Skinner
Alexandra Cordeiro
nowuknow – your journey of u